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domingo, 6 de novembro de 2016

SOPINHA DE DESMAME

Devido ao grande número de pedidos, publico aqui a receita da sopa de desmame com o intuito de AJUDAR as pessoas que estão na batalha para salvar os filhotinhos de gato que encontram. 


LEMBRANDO QUE A MELHOR ALTERNATIVA, SEMPRE, É PROCURAR A AJUDA ESPECIALIZADA DE UM MÉDICO VETERINÁRIO -  DÊ PREFERÊNCIA  A UM ESPECIALISTA EM GATOS.


INGREDIENTES


1 chuchu
1 cenoura
1 peito de frango (ou o equivalente em carne de frango sem ossos)
1 folha de couve

Cozinhe o chuchu, a cenoura e a carne de frango com uma quantidade razoável de água e completamente SEM TEMPERO.
Quando esses ingredientes estiverem cozidos, apague o fogo e acrescente a folha de couve.
Espere esfriar e bata tudo no liquidificador observando a textura que seja mais adequada para cada caso.
 - no caso de filhotinhos, opte pela textura bem líquida, que você pode oferecer via mamadeira.
 - para gatinhos mais crescidinhos, você pode escolher uma textura mais cremosa.

Ofereça a sopinha na mesma temperatura que o leite, ou seja, morninha.

OBS: Essa sopinha não tem contra-indicações. 
Ela ajuda a equilibrar as funções intestinais. 
Não substitua a folha de couve por outra coisa. 
Não tempere a sopa ( qualquer coisa que você colocar, pode intoxicar o gatinho) nem mesmo com sal.
Você pode misturar, na hora de servir, um pouquinho de alimento seco industrializado(ração) específica para filhotes se você desejar.
Você pode congelar pequenas porções, pois como a sopa não tem tempero, ela pode estragar facilmente se deixada por muito tempo na geladeira.
Você pode oferecer essa sopinha a gatinhos adultos também, como um complemento na alimentação, como um agrado em dias especiais. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Mãe de Gato

Quem se apaixona por gatos;  e adota um gato proveniente do abandono ou maus tratos acaba reservando um tempinho para acompanhar os "sem número" de casos ( de todos os tipos ) de gatinhos abandonados e seus resgates.As campanhas de adoção, pelas redes sociais têm o grande privilégio de ter, em admiradores da causa, um grande apoio - ainda que seja na  simples divulgação do trabalho dessas pessoas guerreiras.
Muitas pessoas ajudam mensalmente, eventualmente, esporadicamente...enfim...
A gente sempre escuta ou lê que, na primavera/verão, é enorme o número de gatinhos nascendo e sendo abandonados...muitas vezes recém-nascidos...com a mãe, sem a mãe...
Eu sou daquelas que sofre com esse tipo de notícia.
Sempre torci muito pelos finais felizes.
Eu sempre fiz o que estava ao alcance com relação aos gatos abandonados que cruzaram o meu caminho.
Levo comida, água...Dou vermífugo, antipulgas( muito embora a gente saiba que o melhor remédio é a adoção  consciente), ofereço o meu carinho e já consegui lar seguro para um ou outro gato.Trabalho pequeno, quase inexistente, mas que, se cada um fizesse assim, do jeito que pode, já seríamos um batalhão.
Você nunca tem a exata noção do que é cuidar de filhotes órfãos até ter que  cuidar de algum.
Eu, que nunca tive filhos humanos (porque sempre julguei, entre outras coisas, ser uma tarefa muito complexa) fui contemplada pela Mãe Natureza com a tarefa de ser MÃE DE GATO.
Já viu mãe mais zelosa, impecável e carinhosa que uma felina?
Você acha que a tarefa é fácil?
Pois eu vou te dizer uma coisinha que eu ouvi de um veterinário: " Não é tarefa para amadores" !
Bom...
Havia uma gata ( que batizei de Colette) que  alimentei desde o dia em que a vi amamentando sua ninhada em cima de um telhado, numa rua próxima ao meu endereço.
Colette era arisca, defendia seus filhotes e não nos permitia aproximação. Mas eu levava a comida e água mesmo assim. Eu levava todas as noites.
Com o tempo, a Colette passou a confiar... Nossa relação  ficou tão boa que ela passou a  esperar todas as noites e, com o tempo, ela aprendeu o caminho de casa e, caso houvesse um atraso, ela vinha até a a porta esperar pela sua refeição.
Colette tinha uma meiguice singular.Acredite você ou não...ela tinha o costume de, antes de começar a comer, vir se enroscar ...e ronronava muito! Era como um ritual de agradecimento.Por mais que ela estivesse faminta, antes ela agradecia. Me emociono muito em lembrar disso.
Colette criou seus filhotes e não pude interferir nessa ninhada.Mas, evidentemente, ela engravidou outra vez.

No último momento, acolhi a Colette pra que ela tivesse seus bebês com um mínimo de conforto e decidi que , após o período de amamentação, todos entrariam para adoção.

Trouxe, então, a gravidinha pra  garagem na madrugada do meu aniversário. Meus 40 anos.
Quando acomodei a Colette, percebi que ela já estava em vias de parir, devido uma secreção que havia em sua genitália.
Fiquei empolgada...meu "primeiro parto" e bem no dia do meu aniversário!!!Que alegria poder acolher essa gata tão amada!!!
Mas não foi bem assim que aconteceu.Colette pariu 3 gatinhos(machos) em um dia(sendo o de número 2 morto logo ao nascer por alguma complicação que minha inexperiência não permite explicar) e um quarto gatinho(fêmea) no segundo dia.Tudo bem, isso é perfeitamente aceitável.Mas a barriga dela não diminuiu e a levamos ao veterinário.Mas aconteceram várias coisas, a Colette teve que ser submetida a uma cirurgia longa e difícil que levou a um desfecho bem ruim desse meu "primeiro parto".
O que era pra ser uma história empolgante, virou um grande desafio para nós: Colette morreu, deixando três  filhotes recém-nascidos , de olhos fechados, completamente dependentes.
E agora,né?
Como é bom ter amigos...graças a alguns amigos, o "mistério da vida" foi se desvendando bem na nossa frente...Recebemos muita ajuda.Ajuda de quem sabia, de quem não sabia, de quem queria ajudar simplesmente.Sem falar nos livros e artigos que li.Estávamos todos conectados na mesma rede.
Alguns disseram que não iriam conseguir passar da primeira semana.Mas a gente ia passando um dia de cada vez.Com muito cuidado.
Na prática, o que um gatinho de 2 ou 3 dias de vida precisa para sobreviver funciona mais ou menos como uma receitinha básica:
1.Calor (porque o gatinho só vai conseguir manter seu calor natural SOZINHO depois dos 20 ou 21 dias de vida);
2. Barriga cheia de leite ( e vc vai ter que amamentá-lo com mamadeiras próprias para filhotinhos e leite especial sendo receita caseira ou industrializada)
3.Barriga vazia de cocô e bexiga vazia de xixi ( para isso vc terá que providenciar gaze; algodão ou lencinho umedecido e água morninha, sempre, até que os gatinhos adquiram NATURALMENTE OU POR OBSERVAÇÃO o instinto de "eliminação" e, literalmente, aprendam a usar a caixinha de areia).
Basicamente isso.
O detalhe é que vc precisa estar atento praticamente 24h por dia.Bebês gatinhos de 90g /100g mamam a cada 2h e precisam estar aquecidos...Vc precisa ter, sempre à mão, uma forma de aquecê-los.Nós, aqui, utilizamos garrafas plásticas de 1/2 l com água quentinha dentro.Colocava essas garrafas dentro de uma bolsa para pets, bem acolchoada.Cobria com uma espécie de pelúcia e mais uma manta ou toalha.
Ganhamos de uma pessoa, uma almofada de sementes, que aquecia no forno e colocava juntinho deles.Às vezes o calor durava até 4h !!!
A grande dificuldade era alimentar esses pequenos seres.
Na primeira noite em que tive que alimentar os bebês , fui pega de surpresa.Eu havia, intuitivamente, comprado uma mamadeirinha para filhotes, pois imaginei que, convalescente da cirurgia, Colette teria alguma dificuldade em amamentar...Como havia leite de vaca aqui em casa, foi exatamente o que dei a eles(misturado a uma gema de ovo e uma colherinha de mel) durante a primeira noite.
Na manhã seguinte, comecei com leite em pó para filhotes de gatos.
Segui dando o leite artificial e tentando fazer o papel de mãe-gata, pra fazer com que eles evacuassem.
Meus 7 gatos foram super companheiros e dignos de todas as homenagens porque faziam silêncio e observavam com o maior respeito toda a  batalha.
Aprendi que devemos pesar os gatos.Ganhei uma balança digital de um fabricante de alimentos para pet havia algum tempinho e essa balança era a companheira inseparável. O gatinho tem que ganhar peso todo dia.Não pode ficar estagnado.Então  fiquei controlando e comemorando cada grama, cada progresso.

A casa ficou em segundo plano e eu fiquei sem ver a "cara" da rua por um bom período. O problema maior, com relação ao leite veio quando os bebês estavam para completar 2 semanas.
Constipação.Esse é o nome do monstro .

Foi muito ruim assistir a agonia dele.E ouvir o seu último grito antes de morrer de dor.Foram horas de muito sofrimento.
O pior é que os outros dois filhotes também estavam com o intestino preso...Creio que foi por causa do leite.
Eu já sabia que esse leite "ressecava" os intestinos...mas não tinha muita alternativa e fui tranquilizada quando busquei ajuda.Confiei que ia dar tudo certo.Infelizmente não deu tão certo assim.
Mas aqui eu abro um parêntese: Quando vc está cuidando de um filhote, a sua observação, às vezes, vale mais do que uma boa informação teórica.
Só vc sabe o que está acontecendo, de fato.
Eu lamento muito essa perda.Era um gato lindo, forte e tinha muito fôlego pra viver.
Isso aconteceu no 15º dia de vida deles.
Todos dizem que o gato é muito frágil até o 15º dia de vida.
Que ele começa a se fortalecer a partir daí.
Que se vc chegar até o 15º dia, dificilmente vc perde o gato órfão.
Mas eles estavam constipados...Além de todas as dificuldades de vc não ser um gato, ainda mais isso.
Não consegui substituir uma gata...Veja vc...que ironia da vida...
Levei os dois filhotes para uma consulta com um veterinário muito bem recomendado. Fomos muito bem recebidos e aprendi muito com ele.Sujeito, acima de tudo, muito solidário.
O Dr me ensinou a fazer enema.
Procedimento simples.Precisa de uma sonda uretral(de uso humano e à venda em casas de artigos hospitalares); uma seringa(pra poder injetar o produto na sonda e a sonda, por sua vez, no reto do gatinho) e um determinado remedinho para se fazer enema em crianças constipadas, que é o que vai servir de lubrificante para o reto e vai estimular a eliminação das fezes dos gatinhos(pode ser glicerina líquida e atenção: JAMAIS USE "FLEET" EM GATOS).
Essa era minha tarefa: introduzir a sonda mais ou menos 1 cm no reto dos gatinhos e injetar 1 ml do lubrificante neles.

  Em seguida, massageava bem as barriguinhas e depois estimulava a região perineal com algodãozinho úmido.
O Dr  havia dito que eu deveria me livrar do leite artificial o quanto antes.Mesmo tendo trocado o leite que causou o tal transtorno por leite de cabra.
Uma grande amiga conversou com algumas pessoas experientes no assunto e  recomendou que usasse o leite de cabra com um suplemento em gotas. Eu estava ansiosa por descobrir o momento certo de começar o desmame deles.
Queria muito que eles ficassem independentes e, pra isso, teria que desmamá-los.
Eles começaram a ter dentinhos com umas 2 semanas.
Os dentes caninos cresceram depois de 21 dias e foi aí, mais ou menos que começamos a investir no desmame.
É incrível como depois da primeira semana de vida tudo começa a acontecer:
Com 7 dias eles começaram a abrir os olhos - mas só lá pelo 30º dia é que eles vão enxergar bem mesmo;
Com 2 semanas, os ouvidos externos do gatinho começam a se abrir e ele começa a escutar o mundo, aos poucos...já se coçam e começam a querer passear...
Com 3 semanas eles já têm um certo equilíbrio pra escalar e sair correndo...e já dispensam o calor artificial...Na verdade, isso vc vai percebendo...eles começam a fugir do calor.
O que antes era atrativo vai virando empecilho...e vc vai retirando as benditas garrafas pet/ bolsa de água quente(meu sonho de consumo era uma almofada térmica elétrica)aos poucos mesmo.
Com 21 dias de vida, o gatinho TEM QUE TOMAR A PRIMEIRA DOSE DE VERMÍFUGO.
E, claro, foram tomar vermífugo no consultório veterinário.Uma gentileza do Dr.
Com mais ou menos 3 semanas e meia, eles começam a retração das unhas e é mais ou menos nessa fase que os gatinhos aprendem a usar uma caixa de areia.
Eu os mudei de ambiente, pois já estavam saindo de dentro da bolsa e corriam risco de se machucarem.
Pus eles num outro quarto e continuei permitindo acesso dos outros gatos.
Agora mais do que nunca, pois  precisava de instrutores eficientes para os bebês. Pus tudo o que um gato independente pode precisar num ambiente...para servir de estímulo mesmo.
O Gorki foi o gato que deu mais assessoria grátis.
La Goulue ficava esperando uma "rebarba" de qualquer coisa comestível...Assim como a Bijou, a gata do meu pai, que estava aqui, de férias, nessa fase.



Foi mais ou menos aos 27 - 28 dias que eu resolvi, depois de conversar com uma pessoa que viveu uma situação parecida, introduzir outro alimento.
Eu fazia uma sopa para os nossos gatos que sempre foi disputada na minha Ronronaria.
Eu havia feito essa sopa para dar à Colette, no pós-cirúrgico.
Havia feito bem líquida...(receita da sopa)
E, como Colette morreu, eu congelei a sopa pra mexer com esse assunto depois.
E não é que deu certo?
Descongelava uma porção por dia.
Batia bem no liquidificador e colocava na mamadeira(sempre oferecendo leite em seguida) e os bebês aceitaram muito bem!

Então se vc está pensando em desmamar algum gatinho órfão, a sopa é um bom começo.
Eu indico!!!

Eu tenho certeza que foi essa sopa que equilibrou os intestinos deles, pois foi depois de 4 dias que eles começaram a fazer cocô naturalmente.
Mais uma semana e já estavam enterrando o próprio cocô na caixinha de areia.
Que maravilha!!!
Fiquei  feliz porque sabia que eles estavam vencendo essa batalha.
Comecei a apostar no alimento de transição...e comecei, também, a colocar alimento seco à disposição.
 Os gatos adoraram essa ideia...
Chegou um momento que não dava mais para oferecer mamadeira, porque eles mordiam os bicos das mamadeiras até cortar.
Então nós pensamos como mãe-gata (acho que é por isso que elas desmamam seus filhotes...quem aguenta levar mordidas assim???) e aboli a mamadeira.
Mas continuei colocando leite num potinho...
Bem... posso dizer que o machinho teria ficado até hoje no alimento pastoso.Ele se recusava a mastigar.Eu ficava muito preocupada e não sossegava enquanto ele não estivesse alimentado.
Tinha mesmo muito medo de perdê-lo.
Mantive os dois no andar de cima da casa até o dia em que completaram 3 meses.
Tinha medo de perdê-los pela casa...porque, apesar de terem crescido muito(nasceram com 80g e 90g mais ou menos) ainda são pequenos...
Mas liberar "a casa" foi a melhor coisa a ser feita!O menino passou a se alimentar melhor e eu pude retomar a rotina.
Os gatos puderam retomar quase toda a rotina, à exceção de algumas áreas com rede de proteção, que ainda estão restritas para evitar pequenos acidentes com os filhotes, cujas cabeças - pequenas - ainda podem passar pela rede e se enroscar...
O que eu posso dizer que aprendi, com certeza, nisso tudo, é que é possível salvar gatinhos órfãos, sim.
Acho que o Dr tem razão quando diz que as pessoas deveriam saber fazer enema e alimentar gatinhos filhotes com sonda.
É incrível...eles têm o reflexo de engolir a sonda!!!
Vc coloca a pontinha na boca deles e eles vão engolindo.
Basta ter bom senso e medir a altura das costelinhas deles...que é o tanto de sonda que eles vão engolir.
Com a sonda, vc garante 6 horas de barriguinha cheia. E tem um certo tempo para descansar.
É o mesmo método do enema com a sonda de uretra humana e a seringa.
Vc põe o leite na seringa e vai, lentamente, mandando o leitinho para a barriguinha do filhote.
Mas se vc tem receios, peça a um veterinário bacana para te mostrar.
Eu não fiz, porque na ocasião em que descobri esse método, já estava alimentando os pequenos a cada 3 ou 4 horas(sim! à medida que o tempo passa, vc vai dando intervalos maiores nas mamadas, porque eles conseguem mamar mais) e não havia necessidade disso.
Mas o Dr nos mostrou como fazer.
Aprendi muito sobre filhotes.
Ouvi muitos bons comentários sobre os  acertos.
Eles tomaram vermífugo, complexo vitamínico e estão prestes a tomar vacina.



Quanto à experiência emocional...Bem...
É muito difícil falar a respeito.
Tudo aconteceu numa data muito simbólica...só para começar...
Tudo aconteceu de uma maneira muito particular para mim.
Já tinha 7 gatos aqui.
Um limite mais que acima do que o "juízo" permite.

Não se tratam, simplesmente, de dois gatinhos que foram tirados da rua para buscar um lar.
São verdadeiramente como filhos.
E eu, como metade de mãe felina, gostaria de continuar "lambendo a minha cria"; mesmo que isso pareça insano.
Sou mãe de gato, com orgulho.  E, se me permite uma última observação: muito mais do que esses dois filhotes sortudos, sortuda sou eu...essa sim, é a grande lição que a Mãe Natureza me deu, no ano em que completo 40 anos, com a sua sabedoria incontestável.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013



Minha homenagem ao nenê que não está mais aqui, na Ronronaria.
Mal tinha aberto os olhos; estava começando a abrir os canais  auditivos pra me ouvir chamá-lo de "meu amor". Não conheceu o barulho excitante de uma bolinha saltitando pelo piso da casa e sequer teve tempo para ganhar um nome. Mas afeto...sim! Afeto ele teve.
Ele agora foi ronronar lá no céu, junto da mãezinha e do irmãozinho dele.
Nana neném. Descansa em paz.Um dia a gente vai se encontrar.





sábado, 16 de fevereiro de 2013

"Só duas vezes"

Uma linda surpresa no meu dia...
Ao pesquisar, incansavelmente, pela net artigos sobre proteção animal, saúde, etc... me deparei com o site do Cláudio Cavalcanti e sua luta pelos direitos dos animais no Rio de Janeiro.
Mas algo me chamou muito a atenção...e não pude resistir : publiquei aqui um texto que me arrancou muitas lágrimas e suspiros que só quem ama gatos compreende...espero que gostem!


                         "Só duas Vezes


Maria Lucia Frota Cavalcanti
(Crônica publicada no livro "Amando os gatos com todas as letras", Editora Top. Co. Multimeios, 2003)
 

Como sempre em nossas vidas, nossa família quadrúpede era mais numerosa que a bípede. Três cachorros e uma gata eram nossos proprietários. Todos eles apanhados na rua. Todos eles maravilhosamente diferenciados, com suas personalidades distintas, seus defeitos distintos e sua qualidades distintas. Minha filha, Lu, estava com 4 meses e há 15 dias uma febre resistia bravamente aos cuidados de dois pediatras.
Diante da tenacidade da febre, um deles achou indispensável providenciar um hemograma complicado que exigia a vinda de um terceiro pediatra, esse, especialista em coleta de sangue em bebês.
Na hora marcada, já sabedores que cachorros não admitem violências contra suas propriedades, tratamos de prender os três caninos.
Não nos preocupamos com Agatha, que era gata e toda preta, com olhos verdes e enormes bigodes brancos.
Agatha não gostava de gente, excetuando-se nós.
Cultuava com coerência uma esquizoidia invejável e soberana.
Qualquer ligeiro barulho antecipador de uma presença estranha, e desaparecia majestosa e digna para dentro da gaveta escolhida no armário que aprendeu a abrir.
Chegou o pediatra. Cachorros presos. Nós horrorizadas mas conformadas com a inevitabilidade da tal coleta.
Na veia.
É difícil pegar veia de bebês. Mas, o pediatra era especialista exatamente nesta prática.
Minha filha foi colocada sobre a bancada do seu quartinho. Lugar ideal, distante de sustos. Nele aconteciam, todo tempo, coisas agradáveis. Eram trocadas as fraldas, mamadeiras eram tomadas, atividades pós-banho, talco, colônia, carinhos.

Fiquei eu de um lado e minha mãe e minha querida babá do outro. Todas nós corajosamente caladas, mudas.
A porta do quarto estava aberta e dava para um corredor muito grande.
O médico, de costas para esse corredor, grave, começava os procedimentos. Instrumentos primeiro. Seringa, agulha, frascos, garrote. Éter. O primeiro toque e o primeiro chorinho.
Éter é frio. Tudo bem. Passou. Vai ser rápido. É só uma picadinha. Pronto. E não foi encontrada a veia. Um choro mais barulhento e mais longo. Nova tentativa. Sangue, e veia nada.
Uma segunda picada, agora berros e berros e nada. Nada de veia. Terceira picada. Mais berros. Alguma coisa, lá no fim do corredor, se mexeu, mas, no tumulto, não consegui distinguir o que era, e minha filha aos berros cada vez mais convulsivos, o médico querendo continuar, querendo que a contivéssemos com mais força, tudo muito rápido, nós todas querendo matar o médico. E quando eu ia abrir a boca para mandar parar tudo, veio o salto. Impôs-se o salto.
Bíblico, avassalador, preciso.
Agatha, mais preta ainda, o triplo do seu tamanho, pupilas faiscantes, pulava, garras expostas, fauces escancaradas, na direção exata da carótida do doutor.
Ninguém viu como chegou nem como armou o bote.
Quando atacou, o objetivo já estaria consumado se, no puro reflexo, eu não conseguisse desviar o vôo. Porque era um vôo, e de rapina.
Consegui evitar.
Pensei que tivesse conseguido evitar.
O médico paralisado, seringa na mão, estava lívido.
Segurando Agatha com força, pelas quatro patas - como quem vive com gatos sabe como fazer nessas horas - a coloquei para fora do quarto e fechei a porta.
Meu coração batia em compasso com o dela e disse um obrigada baixinho. 
Nesse momento, já não havia a mais ínfima possibilidade de permitirmos que qualquer tipo de qualquer coisa fosse coletada.
Queríamos o médico fora, já que não tinha sido sangrado pela nossa heroína.
Mas, noblesse oblige - talvez outro dia doutor, o bebê precisa descansar um pouco, talvez amanhã - e nós três fomos empurrando o senhor para perto da porta, aberta a porta, pelo corredor; findo o corredor, para o hall, ele relutante - o elevador chegou, doutor - e foi aí que percebeu-se que tinha esquecido a maleta.
Despencamos as três, tropeçando uma nas outras, correndo para pegar a maleta.

E então deu-se o inevitável.
Agatha, implacável e insatisfeita na sua vingança, reapareceu.
Maior ainda. Dessa vez em cima do piano e a 10 cm da cara do médico.
E nós no meio do corredor.
Nada entre ela e ele.
Nós três aos berros.
Agatha! Agatha!Agatha!
Agatha do piano para o chão. o médico do meio do hall para o canto da parede.
E foi uma mordida só.
Já era outra a intenção de Agatha. Profilática agora.
Não era mais preciso eliminar o inimigo. Bastava a certeza de que desapareceria para sempre.
Foi uma mordida como eu nunca pensei ver um gato dar. Uma mordida cool, calma e determinada. No tornozelo. Dada com dignidade e moderação.
Quando alcançamos o local do conflito, ela já se retirava. Com o rabo alto.
O médico, vencendo sua absoluta perplexidade, se atirou para dentro do elevador sem emitir um único som.
Também em absoluto silêncio, voltamos as quatro pra o quarto.
Agatha comandava a tropa. Ia na frente e nós três atrás.
Pulou para a bancada. Fez um reconhecimento completo do terreno.
Com método cartesiano verificou cada milímetro do corpinho de minha filha.
Ainda eriçada, mas já emitindo ruídos delicados, gentis, lambeu o que achou que devia ser lambido. Acomodou-se bem juntinho do nosso neném e olhou para nós, já calma e em paz.
Tinha plena consciência de ter cumprido o seu dever.

Quinze anos se passaram em nossas vidas e na de Agatha.
O episódio em nada mudou sua visão de mundo. Continuou a se retirar para a sua gaveta sempre que indesejáveis rondassem a área.
E então meu pai morreu. Morreu em casa, como queria, com seus desejos respeitados. Como pediu, em casa foi velado.
Durante a noite a casa estava cheia. Família e amigos. Gente. Muita gente.
Por coincidência, a cama fowler em que passou seus últimos dias foi instalada no quarto que tinha sido de minha filha bebê.
A cama estava também de frente para o corredor como, há quinze anos, tinha estado a bancadinha.
Também eu, também por coincidência, estava na mesma posição, de frente para o grande corredor.
E vi então surgir a Agatha.
Devagar. Ritmada. Passou por todos e saltou outra vez.
Salto esse também absolutamente preciso, mas, dessa vez, dado com delicadeza. Saltou para o peito do meu pai morto.
E lá ficou até o fim, até o último minuto, até quando de lá foi retirada pelo Cláudio, a quem, pela primeira vez, esse gesto foi permitido, e a quem Agatha, a partir daquele momento, adotou integralmente, até o último dia dos 23 anos que durou sua linda vida.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Gatinho órfão

"Face a uma ninhada de gatinhos órfãos, por abandono ou morte da progenitora, o criador deve suprir a necessidade das crias".
Posso garantir que isso não é uma tarefa fácil.Mas não é impossível.
"Em primeiro lugar, será necessário substituir o colostro se os animais não o tiverem ingerido e seguidamente aleitar os gatinhos."
Os gatinhos não têm reflexo de urinar e defecar antes das 2 ou 3 semanas de vida. É essencial estimular a região do períneo desses filhotes com algo que imite o comportamento de lambedura da mãe.Você pode usar um paninho úmido, ou gaze, ou algodão.Lembre-se de usar água morninha, afinal a saliva da mamãe-gato tem a temperatura corporal dela.Tente imitar a língua da mãe, durante o horário da mamada.Neste período, sempre que o gatinho mamar, você terá que estimular a região genital dele.
Assim, você estará favorecendo o comportamento de micção e defecação dele.
Você pode fazer antes e depois de cada mamada; somente depois de cada mamada, ou durante a mamada.
Insista e não desista, pois mesmo que demore, o gatinho irá evacuar.
E fique tranquilo...as fezes de um gatinho recém-nascido são amarelas e moles.Isso é o normal.

Assegure os outros cuidados de higiene no lugar da mãe.
Use um paninho úmido com água morma para limpar o seu bebê gatinho.
Tente não interferir no sono do gatinho, pois nesta fase inicial, ele precisa dormir muito.
É bom para ele e para você que ele esteja dormindo boa parte do tempo!


Gatinhos recém-nascidos são muito imaturos: possuem reservas de Glicose reduzidas; são incapazes de regular sua temperatura corporal sozinhos até, pelo menos a terceira semana de vida e precisam se hidratar.
São os 3 "H" mais vulneráveis no início da vida de um gatinho.
Vamos evitar, então, a Hipoglicemia, a Hipotermia e a des(H)idratação.
O nível de glicemia do gatinho só poderá ser mantido através de refeições regulares.
A hidratação também é mantida com a alimentação, uma vez que o gatinho só mama.
Devemos lembrar que os rins ainda são imaturos e que as necessidades hídricas de um gatinho variam de 14 a 16ml por cada 100g de peso vivo.
Manter a umidade do ar em torno de 60% e as mamadas regulares são grandes aliados para a manutenção da hidratação do gatinho.
Durante o nascimento, a evaporação do líquido amniótico provoca uma hipotermia no gatinho.
Para se ter uma ideia da incapacidade do gatinho controlar a própria temperatura corporal , o reflexo de tremores(arrepios) só surge após o 6º ou 7º dia de vida.
O aquecimento do gatinho deve ser progressivo.No caso de gatinhos órfãos, é necessário lançar mão de um sistema de aquecimento complementar.
Garrafas pet com água quentinha e embaladas em pano macio e limpo, ajudam o gatinho órfão a se aquecer com segurança.
Bolsas de água quente, também embalada em pano macio, também são ótimos acessórios para manter o gatinho aquecido.
Vc pode colocá-los em caixas de papelão com esses acessórios e jornal por baixo de tudo e pode usar outro tipo de caixa, ou bolsa.
Desde que você acomode o gatinho perto dessa fonte de calor.Ele , naturalmente, é atraído pelo calor.Mas é importante haver um local menos quente dentro dessa caixa, para que o gatinho possa se deslocar em caso de calor excessivo, escolhendo  a temperatura certa para ele.
Não esqueça que, calor excessivo pode desidratar o pequeno.
Mas o calor é fundamental para o bem-estar do gatinho.
Basicamente, você deve agir em caso de insuficiência ou ausência materna da seguinte maneira:

Alimente seu pequeno órfão com leite substitutivo feito em casa ou industrializado;
Mantenha o gatinho aquecido;
Estimule o períneo a cada mamada.
Fazendo isso, você dá condições para que ele sobreviva.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Intoxicação por "chumbinho" e outros raticidas



"As intoxicações em animais de estimação são bastante comuns, sejam elas acidentais ou criminosas. O veneno mais frequente envolvido nesses casos é o "chumbinho", um poderoso tóxico que é comercializado ilegalmente. O "chumbinho" também é conhecido em algumas regiões como "raticida Japan" ou "mil gatos", por seu uso no combate aos roedores. Como o próprio nome popular diz, ele é tão eficaz na eliminação de ratos como a ação de "mil gatos".
Exageros à parte, realmente o "chumbinho" possui o mais tóxico dos venenos de sua categoria (carbamatos), porém, sua eficácia no combate às colônias de ratos é discutível. Isso porque, na hierarquia dos roedores, quem come primeiro são os ratos mais idosos. Os outros, vendo os mais velhos morrerem, não se aproximam mais das iscas envenenadas. Ponto para os ratos!
O "chumbinho" leva esse nome pela sua cor (cinza escuro) e formato (granulado), não tendo nenhuma relação com o metal chumbo. Sua composição tem como princípio ativo o aldicarb, um inseticida usado na agricultura para o controle de pragas. Desviado de seu uso original, oaldicarb é vendido ilegalmente, à granel, com o nome de "chumbinho", para o combate de roedores.
No entanto, a venda descontrolada e a falta de conhecimento sobre o poder tóxico do produto causa envenenamento em animais de estimação, adultos e crianças. Muitas pessoas e animais já morreram por causa do "chumbinho", que pode ser ingerido ou absorvido pela pele quando diluído em água. Ter um produto desses em casa é extremamente perigoso por ele não ter cheiro ou sabor. A curiosidade pelo formato de grãos leva crianças e animais à sua ingestão. São essas as principais vítimas fatais do "chumbinho".
Embora a substância principal seja o aldicarb, o "chumbinho" pode conter outros inseticidas (organofosforados) associados para potencializar sua ação.
O efeito do "chumbinho" em animais é bem rápido, aparecendo 5 a 10 minutos após a ingestão. Os sinais irão depender do tamanho do animal e da quantidade ingerida. Grandes quantidades podem causar morte súbita. Os sinais de intoxicação podem ser vários: salivação (o animal começa a babar), vômitos, diarreia, convulsão, inquietação ou prostração, incoordenação, tremores, falta de ar (dispneia), hemorragia oral ou nasal, fraqueza, pupilas contraídas, etc.. O veneno causa lesões nos pulmões, fígado e rins.
Um ou mais sintomas, associados ao histórico de uso de raticida "chumbinho" no ambiente é um alerta para levar o animal a uma clínica veterinária imediatamente. O fato do cão ou gato ter ingerido ou lambido um rato morto ou agonizante já é um alerta para a possibilidade de intoxicação. Fique atento!
Os gatos estão entre as vítimas fatais do "chumbinho", pois muitos deles saem para passear à noite, ingerem iscas com o veneno e são encontrados mortos pela manhã. O efeito do tóxico é muito rápido. Quem coloca propositadamente iscas com "chumbinho" (ou qualquer outro veneno) para matar o cão ou gato do vizinho não sabe que pode ser preso, pois infringe a Lei Ambiental! Além dele próprio estar correndo riscos pela manipulação e estocagem do produto.
Animais intoxicados são tratados com lavagem estomacal (até 2h após ingestão), sulfato de atropina para conter a maioria dos sinais causados pelo aldicarb, soroterapia para eliminar mais rápido o veneno, anti-hemorrágico, anticonvulsivantes, carvão ativado para evitar a absorção do tóxico pelo organismo, etc..

É crime comercializar o produto, e quem compra também está cometendo uma contravenção."
Colaboração: Cris Martin

O que eu considero uma dica importante é ter SEMPRE em casa um produto chamado ENTEREX.
Eu mesma já usei este produto em um dos meus gatos, quando tivemos por aqui uma suspeita de intoxicação. É usar e correr pro veterinário.Ele ajuda você a ganhar tempo.E vale lembrar que ele não substitui o exame e o tratamento do veterinário de sua confiança.Mas sabe aquele ítem na  caixinha de primeiros socorros do seu gato, que não pode faltar???